O Hospital de Clínicas de Itajubá disponibiliza ao Corpo Clínico orientações e políticas de conduta que norteiam a atuação do médico na instituição.
Guia de Conduta para a Prática Médica
Introdução
Este guia tem como objetivo fornecer diretrizes claras e consistentes sobre a prática médica no HCI, visando garantir a excelência no atendimento, segurança dos pacientes, e bem-estar da equipe médica. A prática médica em um hospital envolve profissionais altamente especializados, e o cumprimento rigoroso de protocolos e boas práticas é essencial para a qualidade do atendimento.
1. Conduta Ética e Profissional
Princípios Éticos: Todo médico deve agir com base em princípios éticos, respeitando a dignidade, os direitos humanos e a autonomia do paciente. O médico deve assegurar que as decisões clínicas sejam tomadas considerando o melhor interesse do paciente.
Respeito à Diversidade: O HCI é um ambiente que atende a uma população diversa. O médico deve tratar todos os pacientes com empatia e respeito, independentemente de gênero, idade, etnia, religião, orientação sexual ou classe social.
Confidencialidade: O sigilo médico é fundamental. As informações sobre o estado de saúde do paciente devem ser compartilhadas apenas com os profissionais envolvidos no tratamento e, com a devida autorização, com os familiares ou responsáveis.
2. Qualidade no Atendimento Médico
Diagnóstico e Conduta: O médico deve realizar a anamnese completa, exames físicos detalhados e solicitar exames complementares necessários para um diagnóstico preciso. A decisão terapêutica deve ser baseada em evidências científicas atualizadas e na melhor prática médica.
Tratamento Individualizado: Cada paciente é único, e o tratamento deve ser adaptado às suas necessidades. Isso inclui o planejamento de cuidados de saúde personalizados, levando em consideração comorbidades, preferências e a capacidade do paciente.
Equipe Multidisciplinar: O médico no HCI deve atuar de forma colaborativa com outros profissionais de saúde (enfermeiros, fisioterapeutas, psicólogos, nutricionistas etc.), considerando a complexidade do atendimento em um hospital terciário.
Acompanhamento e Reavaliação: O tratamento e o prognóstico dos pacientes devem ser monitorados regularmente. Reavaliações periódicas são essenciais para garantir que as intervenções terapêuticas estejam gerando os resultados esperados.
3. Prática Médica em Unidades de Alta Complexidade
Urgência e Emergência: O HCI atende pacientes com casos de alta complexidade. O médico deve estar preparado para situações de emergência, seguindo protocolos de atendimento rápido e eficiente, como ressuscitação cardiopulmonar (RCP), manejo de choque, entre outros.
Uso de Tecnologias: Os hospitais que atendem altas complexidades geralmente contam com equipamentos de última geração. O médico deve estar capacitado para operar dispositivos tecnológicos avançados e interpretar corretamente os resultados, como imagens de tomografia, ressonância magnética e exames laboratoriais.
Tratamento de Casos Raros e Complexos: O HCI também é referência para doenças raras ou difíceis de diagnosticar. O médico do corpo clínico deve buscar constantemente o aprimoramento técnico e científico para lidar com esses casos.
4. Prática Clínica e Procedimentos
Consentimento Informado: Todo procedimento médico, seja cirúrgico ou não, deve ser acompanhado da obtenção do consentimento informado. O médico deve explicar claramente os benefícios, riscos e alternativas ao paciente (ou responsável), garantindo que a decisão seja tomada com entendimento total.
Atenção a Protocolos e Diretrizes: Para garantir o melhor atendimento, o médico deve seguir rigorosamente os protocolos e diretrizes estabelecidos pelas sociedades médicas, hospitais e instituições de saúde. Isso inclui práticas como o uso de antibióticos, controle de infecção hospitalar, e terapias baseadas em evidências.
Documentação Adequada: Todos os atos médicos devem ser registrados no prontuário do paciente de forma detalhada e clara. Isso inclui diagnóstico, prescrição de medicamentos, condutas terapêuticas e evolução do paciente.
5. Gestão de Conflitos e Situações Difíceis
Gestão de Expectativas: O médico deve sempre ser transparente quanto ao prognóstico do paciente, explicando claramente as possíveis complicações e o curso esperado da doença. Caso haja situações em que o prognóstico seja grave, a comunicação deve ser feita com empatia e respeito.
Conflitos com Pacientes ou Familiares: Em caso de desentendimentos com pacientes ou familiares, o médico deve manter a calma, ouvir ativamente e buscar soluções conciliatórias. Caso o conflito persista, o caso deve ser encaminhado para a Direção Geral e Jurídica.
Notificação de Eventos Adversos: Se ocorrer um erro médico ou desvio de procedimento ou protocolo institucional, este deve ser comunicado imediatamente ao paciente (ou à família), caso seja seguro, e realizada notificação no sistema de prontuário eletrônico Tasy®. A transparência é fundamental para manter a confiança da equipe e do paciente.
6. Atualização Profissional Contínua
Educação Médica Continuada: O médico deve se comprometer com a atualização constante de seus conhecimentos, seja por meio de cursos, congressos, pesquisa científica ou participação em grupos de estudo.
Avaliação de Desempenho: O HCI promove avaliação constante do desempenho clínico, com feedback construtivo. O médico deve encarar essas avaliações como uma oportunidade de crescimento e aprimoramento.
7. Segurança do Paciente
O médico atuante deve atuar diretamente nas Seis Metas de Internacionais de Segurança do Paciente. Dentre as metas, ressaltamos:
Identificação Correta: O médico deve garantir que a identificação do paciente seja feita corretamente em todas as etapas do atendimento, desde a entrada no hospital até a alta, a fim de evitar erros de identificação.
Prevenção de Infecções: O médico deve seguir rigorosamente as normas de prevenção de infecção hospitalar, como uso adequado de luvas, lavagem das mãos e esterilização de equipamentos.
Protocolos de Segurança: O hospital conta com protocolos para situações de risco, como parada cardiorrespiratória, quedas e erros de medicação. O médico deve estar familiarizado e preparado para seguir esses protocolos.
8. Conclusão
A prática médica em um hospital quaternário como o HCI exige habilidades técnicas avançadas, mas também envolve um compromisso com a ética, a comunicação eficaz e a segurança do paciente. Este manual serve como um guia para a conduta médica, promovendo um ambiente seguro e colaborativo, com o objetivo de oferecer o melhor atendimento possível aos pacientes.
Referências a serem consultadas:
World Health Organization (WHO). Patient Safety: A World Health Organization Global Challenge. Disponível em: https://www.who.int
– Documento oficial da Organização Mundial da Saúde que descreve as metas globais e estratégias para a melhoria da segurança do paciente.
Brasil. Ministério da Saúde. Segurança do paciente: Manual de orientações.
Brasília: Ministério da Saúde, 2020.
–Manual que apresenta diretrizes para garantir a segurança do paciente em hospitais brasileiros, com foco na prevenção de erros e na melhoria da qualidade do atendimento.
Brasil. Conselho Federal de Medicina (CFM). Código de Ética Médica.
Brasília: CFM, 2019.
– O código de ética mais recente que rege a prática médica no Brasil, estabelecendo normas e condutas para os profissionais da área.
Brasil. Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA). Protocolos de Prevenção e Controle de Infecção Hospitalar. Brasília: ANVISA, 2021.
Diretrizes atualizadas para o controle de infecções hospitalares, que são uma das principais preocupações em protocolos de segurança e qualidade
Itajubá/MG, novembro de 2024.
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Este guia deve ser revisado periodicamente, para garantir que as diretrizes estejam alinhadas com as melhores práticas e com as mudanças nas regulamentações e evidências científicas.